Acolher e a Saúde Feminina
- Priscila Maciel

- 28 de mar. de 2019
- 2 min de leitura

Acolher. Talvez nenhum verbo seja tão feminino. Acolher é receber, proteger, cuidar, amparar, apoiar. Sua origem do latim accolligere é admitir, aceitar. Acolher é trazer o outro para mais perto.
Nesta cena do filme de Maria Madalena, vemos a protagonista numa das funções femininas mais antigas, sendo doula e parteira, acolhendo as dores, medos e alegrias da mãe em trabalho de parto.
E qual o papel ou papéis da mulher na sociedade atual? Antes, ela estava alinhada com sua natureza, com sua energia Yin, energia suave, sensível, intuitiva, leve. Seu papel era tão importante quando do homem, mas coerente com sua própria essência.
Para viver no mundo atual, especialmente no ambiente profissional, se utiliza de energia Yang, masculina, racional, competitiva, focada em resultados. Esta adaptação nem sempre é sadia, muitas mulheres chegam ao meu consultório doentes de alguma forma (física, emocional, mental, energética e/ou espiritualmente). Por anos sendo criadas para terem sucesso, para serem mulheres multitarefas e independentes, abriram mão de sua essência.
Doenças relacionadas com os órgãos reprodutores como miomas, TPM, infertilidade, problemas menstruais estão relacionados com agressões à natureza intima da mulher, a necessidade de se moldar ao mundo exterior. Algumas optam por parar de menstruar para não lidar com tantas complicações. E perdem a conexão com seu interior.
Outras doenças como fibromialgia, obesidade, hipertensão, diabetes ou hipotireoidismo, e até os mais diversos cânceres, relevam um desequilíbrio energético causado por uma confusão emocional, uma dificuldade em lidar com medos, culpas e mágoas, por não se sentirem adequadas entre agir & sentir.
E que dirá as doenças como ansiedade e depressão, onde o foco, deixa de ser o viver a vida de forma plena e tranquila, no Momento Presente. Vive-se refém de pensamentos no futuro ou no passado.
Em tempos de exposição excessivas, de supervalorização da opinião alheia, do esteticamente aceitável, dos extremos, as mulheres se veem perdidas e doentes.
É chegado o momento de rever, de aprender com todas as gerações de mulheres que vieram antes, que deixaram seu legado. É tempo de termos coragem de olhar para esta essência feminina ferida, calada, enfraquecida. É tempo de resgatar o Sagrado Feminino. É tempo de olhar no seu interior e conectar com o interior de cada mulher ao seu lado, olhar para as anciãs e as meninas.
Palavras como empoderamento feminino e sororidade só farão sentido se houver um primeiro momento para uma conexão interna, com sua própria essência. Reconhecer-se e se redescobrir, valorizar e respeitar seu corpo, suas emoções, suas fragilidades, seus desejos, suas reações, suas carências. E com a mesma generosidade, olhar a essência da mulher ao seu lado.
Acolher é não julgar. É perdoar, apoiar, não questionar, respeitar o que não compreende.
Porque se faz um filme tão delicado sobre Maria Madalena, longe das polêmicas que se esperavam? Porque é chegada a hora de ver o mundo sob seu olhar feminino, de se apropriar da genuína espiritualidade. Esta que se conecta com um deus através da sua própria alma. “Porque o reino de deus não é coisa que se possa ver com os olhos. Está aqui dentro de nós”. E assim é a cura do feminino, sentindo, vivendo o feminino, acolhendo e sendo acolhida. Não há garantia de mudanças no exterior, só no seu próprio interior. Acolha-se!































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