Minha jornada pelo Tao da Física
- Priscila Izawa
- 12 de jul. de 2020
- 3 min de leitura

Como descrever a experiência de ler este livro? Vou tentar, consciente que sua primeira edição tem a minha idade e são mais de 2 milhões de exemplares vendidos no mundo todo.
Há 45 anos atrás, Fritjof Capra, um físico que teve um momento de clareza e chamado para escrever um livro onde faz um paralelo entre a jovem física moderna (relativista e quântica do século XX) e as filosofias orientais milenares (budismo, taoismo, hinduísmo e confucionismo).
Sua leitura exige pausas. Algumas pelo conteúdo técnico (e necessário) de esclarecimento não só das grandes teorias da física moderna, como pela forma como elas se manifestam através da mente dos pesquisadores científicos. Entender o contexto histórico, a dinâmica do ambiente científico dá consistência para as comparações com as manifestações dos filósofos e líderes espirituais do Oriente.
Foi preciso tomar fôlego quando algumas citações eram tão parecidas. Como quando comentam sobre a limitação da linguagem:
“ A contradição que se mostra tão enigmática em face do pensamento usual provém do fato de termos de utilizar a linguagem para comunicar nossas experiências íntimas, as quais, em sua própria natureza, transcendem a linguística” por D. T. Suzuki – filósofo japonês, autor de livros sobre Budismo e Filosofia Zen.
“Os problemas da linguagem, aqui, são efetivamente sérios. Desejamos de alguma forma falar acerca da estrutura dos átomos.... Mas não podemos falar sobre os átomos usando a linguagem usual” por W. Heisenberg, físico teórico alemão, responsável pela “descoberta” mecânica quântica.
Ou quando é preciso lidar com os mesmos temas. É o próprio Albert Eistein, físico criador da teoria da relatividade comentar que: “podemos então considerar a matéria como constituída por regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso. [...] Não há lugar nesse novo tipo de Física para campo e matéria, pois o campo é a única realidade”.
E esta busca, que tomou os últimos anos de sua vida, se assemelhar às palavras do Lama Govinda, filósofo hindu, onde: “a relação entre forma e vazio não pode ser concebida como um estado de opostos mutuamente exclusivos, mas somente com dois aspectos da mesma realidade, que coexistem e se encontram em cooperação contínua”. Sim, a leitura nos faz lidar com este incômodo, ou inquietação, ou até alívio ao percebê-los explanando em harmonia.
Mas mais do que comparar falas, o autor nos conduz nesta jornada (que para mim levou 2 longos anos de leitura) a perceber o quanto ciência e misticismo falam das mesmas questões, e interpretam o mundo até da mesma forma. Extrapola e abrange áreas como psicologia e sociologia.
É um momento muito especial de inclusão do feminino no masculino, e enfim promover o equilíbrio entre razão e emoção, entre yin e yang, entre anima e animus, de consciência espiritual. E mais ainda, nos leva a refletir o quanto é preciso libertarmos desta visão rígida, e buscar um aprendizado que pode ser ao mesmo tempo de fora para dentro e de dentro para fora.
Em tempos de Teoria U e sociocracia, este livro continua atual, nos provoca a buscar esta visão de rede, de campo sistêmico, e de fluidez do ego para o eco. É um reencontrar-se consigo e com o outro, num novo patamar de valores, com muita plenitude e leveza.
E findada esta leitura, só me resta compartilhar as ideias, discutir as ações, e praticar esta espiritualidade. Fica meu convite!
Leia e conte sua experiência!































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